Para começar…

…Apesar deste ser o primeiro de uma série de textos que o PET/POL se propõe a publicar aqui em seu blog, não acho que faça sentido eu entrar no mérito de quem somos e do que fazemos. Há uma porção de abas aí em cima e você, leitor, pode se deleitar descobrindo o que o PET faz ou fez um dia.

Mais do que nos apresentar, acho importante discutir agora o porquê do PET/POL decidir criar esse espaço de posicionamento. Por que, além de desenvolver suas atividades de Pesquisa, Ensino e Extensão, que o grupo PET/POL decidiu escrever sobre o que desse na telha de seus integrantes e publicar aqui?

Bem, à primeira vista a resposta pode parecer simples: decidimos fazer isso por que o PET/POL está num espaço político – o da Universidade – e é, portanto, um grupo político. É um grupo político no sentido de ter intencionalidades em suas ações e concepções de um mundo melhor que queremos – e podemos – contruir.  Tendo a achar, no entanto, que nossa necessidade de criar um espaço onde nos posicionemos politicamente está ligada à vontade que temos, como grupo, de não se desvincular da realidade. Isso por que acredito que há alguns coletivos dentro de espaços políticos que não procuram se posicionar, optando por discutir aquilo que não é necessariamente uma questão real do espaço em que se vive.

Ainda hoje mais cedo participamos do FórumPET, evento organizado pelo UniPET, grupo de PETs da UnB, onde discutíamos o que é o protagonismo petiano. Eu entendo que ser petiano e ser protagonista não é aparecer como ator principal e não é necessariamente ter excelência, mas sim se organizar em nossos grupos PET para ser agentes de transformação.

Pois bem, estamos aqui para ser agentes de transformação. Estamos aqui para se colocar politicamente. Para dar espaço às nossas vozes. Para dialogar. Para mudar. Isso por que entendemos que não há imparcialidade, mas pode haver ausência. O PET/POL não é, e não quer ser ausente.

Pessoalmente eu quero, como petiana, pautar e debater e me empenhar em transformar. Entendo que pretender a imparcialidade é negar a diferença. Ao acreditar num ideal de ética moderna que estabelece que a imparcialidade é o marco da razão moral, pauta-se idéias por um ponto de vista externo; ponto de vista esse, que nega a particularidade, elimina a heterogeneidade e reduz a pluralidade à subjetividade (Young, 1990:100).

Ora, o PET/POL não se pretende externo a nada: está na graduação, está no Instituto de Ciência Política, está na Universidade de Brasília, está no Brasil, está na América Latina e está no mundo. E é por isso que todas as questões que tocam essas territorialidades tem a ver conosco. E muitas outras questões também que não estão expressas em termos geográficos, mas ideológicos, filosóficos, metafísicos.

Ainda acredito que um dos pontos mais positivos em organizar-se num coletivo, com o PET/POL, é o imperativo de se respeitar, de se conhecer e de, a partir de então, pregar a diferença, a pluralidade, as particularidades e a heterogeneidade. Não acredito que é sendo iguais, que podemos contruir um outro mundo, mas sim, entendo o mundo no qual vivemos a partir das nossas diferenças e das formas díspares de como enxergamos aquilo que nos rodeia.

Assim, convido vocês a lerem o que o PET tem a dizer por que isso é tão parte do grupo, como as atividades que realizamos dentro e fora da UnB. E convido vocês, também, a criar um espaço onde vocês tenham voz. Não sejamos imparciais, pois não somos externos e precisamos, hoje mais do que nunca, entender e respeitar a diversidade para transformar a realidade.

 

Catarina Corrêa é integrante do PET/Pol desde out/2009 e

está muito tímida em ser a primeira a publicar algo por aqui.

 

YOUNG, Iris Marion. Justice and the politics of difference, Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1990.

6 comentários em “Para começar…

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  1. Para começar…
    essas palavras e ideias foram ótimas! Inauguraram muito bem essa nova proposta que espero, como você disse, ser um espaço de posicionamentos e mobilizações.

    Muito legal, Cata!
    É isso aí! =)

  2. Muito bom texto!
    O PET realmente tem uma proposta interessante…
    Aguardo as próximas publicações ansiosamente.

    1. Adorei o texto! Acho que dialoga com uma série de coisas do nosso Instituto, das nossas proposições e da nossa posição política. Fico feliz pelo espaço ter sido ressignificado para esse fim, era uma coisa que faltava realmente.
      Além disso, acho que uma forma de divulgação é postar esses textos em listas de emails e tal, para que as pessoas se interessem em acessar o blog. Acho que vale aquela coisa, põe um trecho, três pontos e “ver mais em” e o link do blog.

      Beijos,

      Pri.

  3. Adorei a iniciativa PET/POL!
    Que bom que o Fórum PET tenha sido inspirador de alguma forma.
    E não fique tímida, foi um ótimo primeiro texto.
    Gosto disso de saber a dimensão do próprio lugar no mundo.

    E esse blog agora também é material etnográfico! haha

    Um beijo para o grupo

  4. Muito interessante a proposta do blog.
    Não sei se é pq sou petiano, mas o texto mexeu comigo. Infelizmente, não pude comparecer ao FórumPET como desejei. O problema? Mais uma vez a falta de tempo.
    Acredito que petiano é transformador por definição, ao menos enquanto integração entre ensino, pesquisa e extensão na vida universitária é apenas uma utopia. Mas qual o potencial desta transformação que resta se não nos é dado tempo para reflexão?
    Não sei se o PET/POL sofre com o mesmo problema, mas este blog parece ser perfeito para saná-lo. Parabéns pela iniciativa!

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